A emergência de epidemias não é uma pauta nova. A peste negra, transmitida através de roedores, ocasionou a morte de 200 milhões de pessoas no século XIV. A H1N1, mais recente, foi reconhecida como surto global em 2009. O aparecimento da COVID-19, entretanto, impulsiona o ressurgimento de uma reflexão importante acerca das causas destas epidemias. 

Apesar de apresentarem sintomas diferentes, a grande maioria - 75%, segundo a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) - das doenças humanas recentes são zoonoses, isto é, doenças que podem ser transmitidas de animais para seres humanos. 

A expansão da população humana é a causa fundamental da reemergência de doenças zoonóticas, uma vez que impulsiona a ocupação dos ecossistemas terrestres e a demanda mundial por proteína animal. A crescente expansão das áreas habitadas induz o contato do homem com os animais silvestres, facilitando a transmissão de doenças. Ademais, a criação de animais em confinamento, para produção de carne, é propensa para o surgimento das zoonoses. A globalização acelera o processo de transmissão a medida que o tráfego humano e comercial ocorre desenfreadamente. 

O quadro elucidado é alarmante e evidencia a importância do cumprimento da Agenda 2030, desenvolvida pela ONU. A agenda é um plano de ação que conta com Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), entre eles: recuperar o uso sustentável do ecossistema terrestre e deter o desmatamento, assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis, garantir uma vida saudável e promover o bem-estar para todos e certificar a disponibilidade da água e saneamento básico. Tais objetivos, como explicitado anteriormente, são cruciais para a desaceleração da transmissão de doenças zoonóticas, e, consequentemente, para a diminuição das mortes ocasionadas por epidemias como o novo coronavírus.